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UM DIA, UM ADEUS!



UM DIA, UM ADEUS!
AUTOR: João Maria Ludugero.

Amanhecendo,
O sol chegou e já ilumina toda praça do Encontro.
No canto da sala de estar, ali na casa
Situada na rua Cel. Felipe Jorge,
Eu vi o rosto de Seu Odilon a imaginar
O imenso vão deixado pela ausência de Dona Maria,
Que partiu, mas nunca disse adeus!

Havia tantas cores na terra de Ângelo Bezerra,
Agora são gris, são cinzas os crepúsculos
Que acalentam a tarde amena, de saudades.

Havia um certo Vapor de Zuquinha,
Hoje há vital mormaço
Que toma conta da Vargem,
Uma nuvem dançando e cantando
No entorno de teu olhar, além dos juncos
Muito além do paredão do açude do Calango.

Onde antes avistava porteiras e estrada de chão
Presencio cercas de arames a farpar meu coração.
Cadê a vivacidade das cercas,
cadê a natureza viva,
Cadê o canto dos bem-te-vis?

Ali a gente podia ver também libélulas,
A gente contava estrelas
E até se via exposto nelas
A brilhar num céu de profundo azul.
Agora há uma ausência entrecortada,
A tua ausência, oh, Dona Maria Dalva!

Noite entredormida, canto de pássaros noturnos,
Entre um escuro e outra sombra da noite,
Ainda guardo teu rosto, de resto,
Assim como quem guarda um diamante!

Guardo no relicário os sentimentos, as lembranças.
Conservando, transmutando em mim, teu olhar,
Passo a arrombar todas as celas, todas as algemas,
No intuito de libertar meu coração-antropófago
De mim mesmo, como sê-lo?

Não me perdi, achei-me perdido em tua sina de
Ser, brotar, crescer e se dar.
Mas e agora, o que devo fazer, se fostes embora
E não deixaste cópia da chave do relicário?

As recordações persistem, insistem
Esquecidas e perdidas no alforje de nosso tempo.
Mas as pedras restantes, ah! as restantes...
Lançadas ao espaço, são Seixos lapidados
Foram parar no fundo do açude.
Todas estão imersas nas profundezas
Do Calango, acesas lembranças.

Do voo rasante, atirei os diamantes, digo os Seixos
Na lâmina das águas, e as espirais fizeram arte real, círculos.
De passagem, brota, fica, prevalece lentamente o significado
Da saudade de ti, minha Várzea!

Logo, nasceu, assim, essa dor
Que me corrói por dentro e por fora
A toda hora, dor essa a que chamaram de saudade...
E no meu peito, dentro dele, está guardado um diamante
E acredito que ficará para sempre...
Porque será eterno o diamante da saudade.
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Beto Bello

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