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OLHOS DE BOI



OLHOS DE BOI
Autor: João Maria Ludugero.

Não tenho do que reclamar,
De varar a noite a dentro
Amanhecendo na minha Várzea,
Perseguido por dois sóis, teus olhos,
A arrumar a minha confusão
A iluminar sombras e obscuros.

Teus olhos meus olhos acendem
Mesmo sem nada dizer
Minha boca sem nada ver
Minha vida nada silenciosa
Amanhecendo em solo varzeano
Num alvorecer de ruídos e aromas
Sob o canto mavioso de passarinhos,
De pintassilgos, de canários e sabiás.

Teus olhos pudesse eu tê-los às mãos
Seriam faróis de tudo,
Seriam feito dois olhos de boi ofuscados
No meio da estrada de terra
Indo para o sítio do Umbu,
A me incendiar o medo e a solidão atroz
Pudesse eu me vingar de tanta beleza
Te amaria mais ainda, vicejante,
Lentamente, minha Várzea das Acácias,
Para não perder de vista, além do teu Vapor
Além do evanescente crepúsculo da minha razão,
Tuas veredas, teus ariscos de água doce
Tua magia em bem viver a vida, simplesmente!

Bem sei que teus olhos,
Entronizados por Deus,
Hoje me ordenam a luz do dia, me guiam,
E tudo passa a ter mais brilho pelas ruas
Pelos becos, atravessando passo a passo
Toda a Brasiliano Coelho de Oliveira,
Entre cadeiras nas calçadas
E uma conversa fiada,
Numa forma tão hospitaleira
De se levantar o astral desse lugar
Que existe ali no interior do Rio Grande do Norte.

Teus olhos varzeanos têm o silêncio
Do açude do Calango, margeado por verdes
Beldroegas sobre as pedras, juncos
E colibris sobre o paredão da minha saudade.

Sinto que os anjos estão sorrindo...
São teus olhos-trombetas que anunciam
o vento das manhãs, a brisa que assola
Bons ventos nus que sopram
Em plena cidade da felicidade,
Em plena seara de São Pedro apóstolo.

Teus olhos me extasiam, me encantam
Porque são o que são, de fato, dois sóis,
E sempre me dizem alguma coisa, não me cegam,
Me esquentam os versos, me falam, con-verso,
Me incendeiam a solidão, de imediato,
E queimam minha alma, ao vivo,
Num purgatório que não me deixa a salvo,
Nem quero, pois também nunca fui santo...
Eu quero é mais arder no incêndio desse Amor!
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Beto Bello

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